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Palestra - A Luz

12-05-2015

 
A LUZ: UMA INVENÇÃO DA ARTE OCIDENTAL
 
Resumo
No seu famoso “Elogio da Sombra”, Tanizaki mostra o seu descontentamento pelas comodidades
civilizacionais em matéria de luz. Mas o problema a abordar nesta comunicação não é apenas
civilizacional (que também o é, dividindo “oriente” de “ocidente”), o problema é sobretudo estético
(artístico), manifesta-se na política (do absolutismo do Rei-Sol aos símbolos revolucionários) e na
produção de conhecimento (bastaria pensar-se numa genealogia europeia cartesiana). Na arte da pintura,
da escultura e arquitectura, sobretudo na primeira (pintura), a luz é entendida como elemento de
modelação volumétrica (sem correspondência na arte oriental, do Egipto ao extremo-oriente). Até ao
século XVII há quatro formas de modelação lumínica: as “grisailles” (espécie de escultura bidimensional
monocromática que encontramos em Giotto), o “sfumato” (invenção para-científica de Leonardo sobre
impacto e difusão da luz nos corpos), o “chiaroscuro” (Rembrandt) e o “tenebroso” (Caravaggio).
Enquanto na arte ocidental a luz modela formas e volumes, na arte oriental a “ignorância” da luz leva a
uma estilização estática. No ocidente, é Caravaggio o autor que leva o tratamento da luz a zonas de
complexidade mais intensas. Aí nos concentraremos.
 
CARLOS VIDAL Artista e professor na FBAUL. Participa em exposições desde 1991. Representado em colecções particulares e institucionais (MAC-Serralves, Porto ; MEIAC, Badajoz ; CAV, Coimbra, etc). Publicou vários livros sobre arte e colabora regularmente com Lapiz e Exit (Madrid); colaborou no livro Over Here: International Perspectives on Art and Culture (New Museum / The MIT Press), e realizou várias conferências : Universidade Paris I / Sorbonne ; Museo Nacional Reina Sofia / MNCARS ; ARCO, Madrid ; Museu de Arte Contemporânea / Serralves, Porto ; Fundació Pilar i Joan Miró, entre outras actividades. O seu mais recente estudo é dedicado a Caravaggio (Ed. Vendaval, Abril, 2011; Imprensa da Universidade de Coimbra, 2015).